A IMPORTÂNCIA DA GESTÃO DE PESSOAS EM FÁBRICAS DE RAÇÃO
- Helen Faria

- 29 de mai.
- 5 min de leitura
Atualizado: 20 de jun.
Nos últimos anos, a crescente pressão por competitividade tem exigido uma transformação contínua nas indústrias, especialmente no setor de alimentação animal. Para se manterem relevantes e sustentáveis no mercado, as empresas precisam não apenas acompanhar, mas também promover inovações e melhorias constantes em seus processos produtivos.
A indústria de alimentação animal — seja voltada para o segmento pet ou para animais de produção destinados à alimentação humana — abastece setores altamente exigentes em termos de qualidade, segurança e desempenho. Por isso, o funcionamento adequado dessa engrenagem complexa depende fortemente da integração entre tecnologia, processos bem definidos e, sobretudo, pessoas motivadas e capacitadas.
Entretanto, observa-se um desafio crescente: a falta de conexão da gestão de pessoas com a gestão de processos. Tudo isso, gera ambientes de trabalho marcados por baixa motivação, que dificultam o alcance de metas e a consolidação de uma cultura organizacional sólida.
Nesse contexto, a gestão integradora surge como um diferencial crucial. Trata-se de um modelo de liderança que prioriza o desenvolvimento humano, o engajamento coletivo e a valorização individual dos profissionais. Uma gestão eficaz em indústrias de alimentação animal precisa ser capaz de cultivar o protagonismo dos colaboradores e criar um ambiente propício para o crescimento mútuo: da empresa e das pessoas que a compõem.
Nosso objetivo com nossos parceiros é unir os três elos principais e fortalecer a gestão dos seus negócios: entregamos tecnologia prática, com nossas ferramentas que facilitam a visualização clara dos indicadores; estratégia em processos, estruturando processos bem definidos com base em análises reais de eficiência; e, por fim – e nossa maior prioridade – criarmos ambientes colaborativos e motivados, por meio de treinamentos constantes, alinhamento entre equipes e definição de metas individuais e coletivas.
Processos são importantes. Pessoas, mais ainda.
Muita gente associa o sucesso de uma fábrica ao investimento em máquinas novas, automação, sensores, softwares sofisticados. E claro, tudo isso importa. Mas há algo anterior, mais básico e, ao mesmo tempo, mais difícil de encontrar: gestão de verdade.
Os processos só funcionam quando as pessoas os entendem e acreditam neles. De nada adianta um POP perfeito se o operador o vê como um papel burocrático, desconectado da realidade do dia a dia. De nada adianta um cronograma de manutenção se quem executa não entende a importância dele para a segurança e a eficiência do todo.
Por isso, a boa gestão é aquela que traz sentido para os processos. Que transforma rotina em cultura. Que não impõe, mas constrói junto.
E como conseguir trilhar o caminho de uma boa gestão?
É um trabalho contínuo, diário e deve ser embasado nos principais pilares da gestão, que são: clareza, consistência, comunicação e coerência.

1. Clareza: todos precisam saber para onde estão indo
É comum encontrarmos colaboradores que executam suas tarefas todos os dias, mas não sabem ao certo o impacto do que fazem. Não entendem metas, não conhecem os objetivos maiores da empresa e, muitas vezes, não sabem se estão “indo bem” ou não.
Uma gestão clara é aquela que traduz a estratégia em ações diárias, e que faz com que o colaborador entenda que seu trabalho influencia o resultado lá na ponta.
Clareza também significa deixar as regras do jogo transparentes: o que é esperado de cada setor, quais são os indicadores que norteiam as decisões e como cada um pode contribuir para melhorar os resultados.
2. Consistência: rotina bem feita é meio caminho andado
Nada enfraquece mais uma liderança do que a instabilidade. Mudar metas toda semana, cobrar uma coisa hoje e ignorar amanhã, priorizar algo só quando dá problema. Tudo isso mina a confiança do time.
Gestão consistente é aquela que respeita os processos, valoriza o básico bem feito. Nas fábricas, isso se traduz em coisas simples, mas poderosas: manter os turnos bem orientados, seguir checklists operacionais, realizar reuniões de rotina e acompanhar indicadores com regularidade.
Rotina não é inimiga da inovação — é a base dela. Uma fábrica só pode inovar com segurança se já domina bem o seu dia a dia.
3. Comunicação: o elo que liga tudo
Você pode ter os melhores processos e as melhores intenções, mas se a comunicação falha, tudo desmorona. E aqui não estamos falando apenas de "dar recado" — estamos falando de escuta ativa, de feedback real, de um canal aberto entre líderes e equipes.
É através da comunicação que as lideranças percebem quando o clima está ruim, quando há ruídos entre setores, quando alguém precisa de apoio. E é também pela comunicação que os acertos são reconhecidos, os erros são corrigidos e os objetivos são alinhados.
Em fábricas de ração, onde o ambiente é acelerado, cheio de variáveis e imprevistos, uma boa comunicação evita retrabalho, reduz perdas e melhora o clima da operação.
4. Coerência: a gestão que fala e faz
Nada frustra mais um time do que um discurso bonito e uma prática que vai na direção oposta. A coerência é o pilar que sustenta a confiança — e confiança é um ativo valioso demais em qualquer operação.
Se você cobra pontualidade, mas não respeita os horários. Se fala sobre valorização das pessoas, mas só reconhece resultados financeiros. Se diz que segurança é prioridade, mas ignora os alertas do time de segurança do trabalho... tudo isso enfraquece sua liderança, mesmo que você esteja tentando “acertar”.
Coerência é quando o que se diz está alinhado com o que se faz. Quando os valores da empresa aparecem nas atitudes, e não apenas nos quadros da parede.
E por onde começar, na prática?
A boa gestão não começa com grandes projetos ou mudanças radicais. Ela começa com pequenos movimentos consistentes:
Fazer uma reunião semanal curta, mas com foco e escuta;
Criar um quadro simples com os principais indicadores da fábrica;
Pedir feedbacks aos operadores sobre um novo processo implementado;
Parar para agradecer uma equipe por ter cumprido um desafio;
Investigar as causas de uma falha, sem buscar culpados — e sim, soluções.
Vamos praticar?
Você já ouviu falar no Diagrama de Ishikawa? Também conhecido como Diagrama de Causa e Efeito ou Espinha de Peixe. Essa ferramenta foi desenvolvida por Kaoru Ishikawa, um engenheiro químico japonês, na década de 1960. Seu objetivo era ajudar as equipes a identificarem, de forma visual, as possíveis causas de um problema, indo além da superfície e evitando soluções apressadas ou paliativas.
A ideia é clara: antes de atacar o efeito (o problema visível), precisamos entender todas as possíveis raízes que o provocam. Isso exige escuta, troca de ideias, colaboração e, acima de tudo, um ambiente que favoreça a participação de todos. Siga os seguintes passos:
Escolha um problema real da sua operação.Pergunte-se: Qual é o maior gargalo hoje? O que mais atrapalha a performance da minha fábrica? Pode ser uma reclamação recorrente de cliente, um atraso na expedição, uma dificuldade de comunicação entre setores.
Escreva esse problema na “cabeça do peixe”.Ele será o “efeito”. Lembrando que, temos várias causas pra somente um efeito.
Reúna os colaboradores diretamente envolvidos.Operadores, líderes de turno, manutenção, qualidade... quem vive o processo no dia a dia tem muito a contribuir. E aqui vale uma dica: não transforme isso numa reunião tensa ou hierárquica. Faça disso uma conversa aberta, sem julgamentos.
Divida as causas por categorias.As mais comuns são: Mão de obra, Máquinas, Métodos, Meio ambiente, Medidas (indicadores) e Materiais. Para cada categoria, pergunte: O que pode estar contribuindo para esse problema?
Liste as possíveis causas.Quanto mais detalhado, melhor.
Escolha as causas prioritárias e monte um plano de ação.Não precisa resolver tudo de uma vez. Ataque o que for mais frequente ou mais impactante. A gestão prática se faz com passos constantes, não com milagres esporádicos.
Exemplo prático:
Problema – Baixo rendimento na linha de produção de ração, durante o último mês.

Ao aplicar essa ferramenta, você não estará apenas buscando soluções. Estará dizendo para sua equipe, na prática: “Eu quero ouvir vocês. Vocês fazem parte da construção dessa fábrica.” E essa mensagem, quando verdadeira, é um dos maiores motores de engajamento que existem.
Porque gestão não é apenas sobre entregar resultados. É sobre criar o tipo de ambiente onde os resultados acontecem com consistência.


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